Passado o momento, atravessada a noite, resolvi encarar os fatos e voltar à carga sobre o assunto. O acidente foi terrível sim, em condições meteorológicas ruins com consequência na dramática redução de visibilidade dos envolvidos.
Aparentemente Sondermann teria sido tocado no lado de dentro da curva e a atravessou, sendo em seguida acertado por quatro carros, um de raspão, outro que arrancou sua traseira, o terceiro, de Pedro Boesel que desferiu o golpe mais violento e que teria sido o causador dos ferimentos mais graves (Pedro também se feriu, com fraturas no braço e ombro) e um quarto, que nada mais fez do que arrastar o carro de Sondermann por mais alguns metros como vemos nao vídeo abaixo:
Ha algumas coisas que se fazem necessárias esclarecer, sob o meu ponto de vista:
1ª – A total falta de culpa de todos os pilotos envolvidos. Tratou-se de um acidente de corrida e as condições não permitiam que qualquer um deles agisse de maneira diferente naquele momento.
2ª – O pneu traseiro direito montado no sentido inverso no carro de Gustavo não teria peso no acidente, pois não ocasiona perda de estabilidade, apenas menor tração e perda de tempo.
3ª – A pista não apresentava naquele trecho, nas palavras de Aluizio Coelho que dirigia o safety-car à Lito Cavalcanti, nenhuma poça d água que ensejasse condições particularmente ruins na curva do café.
4ª – Segundo relato do jornalista esportivo Octavio Muniz, não houve qualquer impacto do carro de Gustavo nos muros internos ou externos da curva do café.
5ª – Segundo o mesmo jornalista, o “Hans”, protetor de pescoço, estava mal preso e essa folga teria permitido que a cabeça do piloto rotacionasse mais do que o corpo aguenta.
6ª – O impacto lateral é um dos mais terríveis à qualquer piloto, exatamente pelo menor possibilidade de absorção de impacto tanto do carro como do pescoço.
O que se pode extrair desse terrível desastre? Que os dirigentes da CBA, da Vicar, dos pilotos e demais envolvidos no automobilismo precisam se sentar e repensar os padrões de segurança existentes no momento para melhorá-los. A curva é insegura? Segundo pilotos é uma das mais temidas do calendário nacional, já matando o piloto de Stock Car Light Rafael Speráfico em um acidente muito parecido no fim de 2007 e um motociclista numa corrida recente lá, mas não ha qualquer problema no asfalto, sinalização e mesmo nos muros que desde o ano passado passaram a ser “softwall”, que absorve mais o impacto que, repito, não ocorreu com o carro de Sondermann.
Os carros são inseguros? Aparentemente não. Numa batida lateral de alta velocidade e de proporcional magnitude até um carro de F1 não poderia garantir a total segurança de seu ocupante por conta da violência do impacto.
O que fazer então, para melhorar a segurança? Reativar a chicane existente (e que os próprios pilotos se mostraram contra no passado recente por ser “chata”)? Reforçar ainda mais os carros? Reduzir a velocidade deles? Reprojetar a curva inteira, algo que teria custos proibitivos e demandaria uma engenharia colossal pelas condições do local? Não sei. Não sou técnico e não tenho a pretensão se saber as respostas. Para isso existem os engenheiros, médicos, pilotos, dirigentes etc que conhecem a fundo os carros, o corpo humano e a dinâmica dessas muitas e complexas variáveis.
O fato é que mesmo sendo uma fatalidade de corrida – mais uma nesse local – algo precisa ser feito em favor dos que lá arriscam suas vidas para entreter milhares e enriquecer alguns. Quando o assunto é a vida, nenhuma preocupação é exagerada.
À frente dessas responsabilidades está a CBA, Confederação Brasileira de Automobilismo, que ja vem pressionada ha muito por pilotos, equipes e imprensa por se concentrar muito na arrecadação de taxas. Veremos se apresenta o mesmo interesse por melhorar as condições de segurança seus contrubuintes. Tomara.