Ontem foi anunciado que a Rede Globo voltou a negociar diretamente com a Liberty Midia, dona da Fórmula 1, os direitos de transmissão para a categoria para a TV brasileira, isso poucos meses depois de anunciar que havia desistido da mesma e a Rio Motorsports assumir os direitos da categoria por aqui. O que aconteceu?

Certeza não há, mas o que provavelmente aconteceu é que a Globo, sabendo da sua importância para a transmissão da categoria no Brasil, endureceu a negociação com a Fórmula 1, justamente porque os valores a pagar, em dólares, ficaram ainda mais salgados com a disparada do dólar no Brasil e a crise financeira que atinge o mundo por causa da pandemia

Passo seguinte, a Liberty não cedeu aos pedidos de desconto e ainda bateu o pé em relação à melhorar (aumentar) a qualidade e quantidade de horas de transmissão da categoria na TV aberta e não sendo atendida, foi-se embora, ouvindo o convidativo canto de sereia da nebulosa Rio Motorsports, que se dispôs a assumir os direitos de transmissão por aqui e achar uma nova emissora que pagasse por por eles e desse melhor tratamento ao produto.

Só que assim como nós, os americanos devem ter sentido que essa turma é muita espuma e pouca substância e deram uma procuração por tempo limitado. O tempo passou, a busca por outras emissoras de TV evidenciou ainda menos condições financeiras, técnicas ou de audiência que a Globo, de forma que não deu em nada e o acordo foi desfeito.

Agora a velha parceira Globo volta a negociar com eles, mas em condições mais confortáveis, com os gringos já sabendo que os outros canais abertos não estão realmente no páreo e que não há muita escapatória se quiserem manter uma das maiores audiências da televisão mundial, tendo que ceder em relação à alguns pontos, sobretudo financeiros.

No fim o que a Globo fez foi dizer mais ou menos isso para a Liberty: “Acha que consegue coisa melhor? Fique à vontade para procurar, vocês tem o meu telefone.” E a Liberty telefonou.

Claro que mesmo com essa nova situação as coisas ainda não estão definidas com a F1 garantida na TV aberta, mas parece que o entendimento, em outros termos financeiros e quem sabe com alguma melhora no tratamento ao produto é agora um caminho mais provável – assim como a continuidade do GP Brasil em Interlagos, ao menos até que um novo autódromo de qualidade internacional e com capacidade para receber centenas de milhares de pessoas saia do Power Point.

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